Archive for março, 2010

A “New Wave” Nos Anos 80

Nos anos 80 houve uma explosão de  gêneros musicais que, apesar de possuírem características próprias, trilhavam o mesmo caminho, agregando várias tribos em uma mesma ideologia (ou muito próxima) ou gerando conflitos entre elas, muitos deles perdurando até os dias de hoje. Tudo por questões de divergências de opinião e por pura ignorância de muitas pessoas que não sabem aceitar as opções alheias. Um dos estilos que predominou na década de 80 e continua influênciando até os nossos dias é o “New Wave” (A nova onda).

A New Wave veio para contrapor o niilismo, o sofrimento e a obscuridade do punk e, posteriormente, do movimento dark. Muitas cores, músicas dançantes e letras alegres. Assim era esta vertente do pós-punk oitentista que virou referência para os jovens da época e consagrou vários artistas no Hall da fama. A ideologia do new wave era leve, pregava o divertimento e alegria, nada mais. Mesmo sendo o oposto do gótico, estas  vertentes musicais se completavam. Era muito comum (e ainda é) ouvir B 52´s, The Cure, DEVO e Bauhaus no mesmo espaço.

Muitos nomes foram responsáveis pela definição do estilo e por difundi-lo na Europa e nos Estados Unidos. Nesta época a Inglaterra era a maior exportadora de moda e talentos musicais, criando e inovando no modo de fazer e criar música. Depois deles viam os americanos, mais comerciais e que apostavam na imagem e no talento desses artistas:

*DEVO*

*Blondie*

*B-52´s*

*Culture Club*

Em outros posts vamos nos aprofundar mais em alguns dos nomes mais importantes do movimento new wave. Até porque a transição entre estilos na  década de 1980 é muito intensa. Quem começou com características do new wave, pode flertar também com o new romantic, com o SynthPop, com o gótico e assim por diante.

A Magnitude do U2

Tudo começou quando o pequeno baterista, Larry Mullen Jr.,de apenas 14 anos, colocou um anúncio na escola Mount Temple High School, na Irlanda, à procura de integrantes para sua banda. A resposta resultou num grupo de 5 elementos batizado de “Feedback “, que incluía Larry na bateria, Adam Clayton no baixo, Paul Hewson (Bono) no vocal, David Evans (The Edge) na guitarra e o irmão de David, Dick, também na guitarra.

Após 18 meses de ensaios, os “Feedback” mudaram o nome para “The Hype”. A banda tocou com este nome num concerto para a descoberta de novos talentos em Limerick na Irlanda em 17 de Março de 1978, tendo ganho o concurso. Jackie Haden, da “CBS Records”, que fazia parte do júri, ficou impressionado com a banda, tendo-lhes dado a oportunidade de gravar a sua primeira demo.

O punk rocker de Dublin Steve Averill (mais conhecido como “Steve Rapid” dos “Radiators From Space”) disse que os “The Hype” não prestavam, pelo menos no nome. Mais tarde, devido ao facto de a família de Adam ser muito ligada à aviação, Adam sugeriu um novo nome para a banda, U2 (Lockheed U-2, nome de um avião-espião utilizado pelos EUA durante a Guerra Fria que fora abatido pela URSS poucos dias antes do nascimento de Paul Hewson – Bono) que foi aceito e se tornou o nome oficial da banda até os dias de hoje.

Dick saiu em Março de 1978, e a banda fez-lhe um concerto de despedida. Reduzidos a quatro elementos, lançaram o seu primeiro single em Setembro de 1979, “U2-3” de seu nome, que chegou ao topo das tabelas na Irlânda. Em Dezembro desse ano rumaram a Londres para realizar os seus primeiros concertos fora da Irlanda, não tendo conseguido grande atenção do público ou da crítica.

Os principais álbuns do U2 são esses:


Personagens de Bono Vox nos Shows da ZooTV:

Na turnê da ZooTV os fãs se depararam com 3 três personagens distintos que Bono encorporava: The Fly, MacPhisto e MirrorBall Man.

The Fly:

Bono aparece como o personagem The Fly, usando calças pretas de vinil, óculos escuros enormes com lentes curvas, lembrando o aspecto de olhos de mosca, e os cabelos tingidos de preto puxados para trás. De acordo com ele mesmo, The Fly foi uma reação às acusações de arrogância durante a época do Rattle e Hum, onde a banda buscou homenagear alguns dos artistas que eles admiravam, como Billy Holiday e os Beatles, e que alguns críticos interpretaram como uma tentativa de a banda posicionar-se na mesma ordem de importância que tais artistas. Bono pensou que se as pessoas realmente o julgavam um megalomaníaco, ele poderia muito bem se divertir agindo como um. The Fly é uma versão estereotipada de um popstar (pelo menos na concepção do U2), em relação às roupas (lembrando, entre muitos outros, Elvis Presley e Iggy Pop) bem como em relação à atitude (uma mistura de arrogância, pretensão, sarcasmo, cinismo e provocações sexuais). Eu estou aprendendo a mentir, disse The Fly, referindo-se ao abandono de sua antiga personalidade (o otário com a bandeira branca) para adotar uma outra mais condizente com sua posição de popstar. No fundo Bono jamais deixou de ser ele mesmo, claro. Sua intenção era mostrar as contradições por trás de sua condição de roqueiro mimado. O rock’n’roll é ridículo, quatro babacas com uma escolta policial! Ele achava que era exageradamente bem pago por um trabalho que faria até mesmo de graça, se necessário (possivelmente um exagero da parte dele), e que a mídia agia de forma absurda ao tentar transformar os U2ers em heróis. Muitos fãs não gostaram dessa nova atitude da banda, acharam que eles haviam se vendido, que eles haviam deixado para trás todos os projetos de caridade aos quais eles tanto tinham se dedicado na década de 80. Ficou claro que isso não era verdade quando o U2 transmitiu ao vivo, via satélite, durante alguns shows, nas telas de televisão da ZooTV, o depoimento de pessoas que moravam em Sarajevo, durante a pior fase do conflito na Bósnia. Além disso, na mesma época, o U2 participou de um protesto para fechar a usina nuclear de Sellafield, na Inglaterra, que estava poluindo o Mar da Irlanda com detritos radioativos.

MirrorBallMan:

The Mirrorball Man (O Homem da Bola de Espelhos) foi um personagem criado para a primeira parte da turnê ZooTV (pré-Zooropa). Tratava-se de um pastor evangélico maníaco, destes que pregam na televisão, mais interessado em dinheiro e fama do que propriamente na salvação da alma. Foi inspirado, dizem, no livro (?) Wiseblood, de Flannery O’Connor. Mirrorball Man entrava no palco da ZooTV durante Desire, usando uma roupa espelhada, um chapéu de cowboy também espelhado e óculos escuros. Ele trazia um grande espelho debaixo do braço e, antes de começar a cantar Desire, olhava-se atentamente nele e dizia: “You know something? You’re fucking beautiful!” (“Sabe de uma coisa? Você é muito lindo!”). Atirando o espelho para o lado, ele começava a cantar Desire, uma música sobre ganância, luxúria e drogas. Mais para o final da música, na parte do for love or money, money, money…, ele apanhava um bolo de notas de dólar falsas (os Zoo dollars) e as atirava para a platéia. A noite terminava quando o Mirrorball Man pegava um telefone prateado e discava um número, geralmente o da Casa Branca, tentando falar com o presidente George Bush (que nunca esteve disponível para atendê-lo). Nem sempre as ligações eram para o presidente. Ouve uma vez em ele telefonou para um Disque Pizza. O pedido foi de 100.000 pizzas e dizem que eles realmente fizeram a entrega.

MacPhisto:

Mister MacPhisto foi criado para substituir o Mirrorball Man durante a segunda fase da ZooTV (após o lançamento do Zooropa), porque o U2 achou que este era americano demais e que o resto do mundo não iria pegar a idéia por trás da brincadeira. É uma mistura entre Mefistófeles (o diabo para o qual Fausto vendeu sua alma, no livro de Goethe) e MacDonald’s, sugerindo que ele é apenas mais uma invenção americana, dessas que tentam nos vender pela televisão. Mr. MacPhisto entrava no palco durante Daddy’s Gonna Pay For Your Crashed Car, uma figura de maneiras afetadas e sorriso cínico, usando um terno dourado, pequenos chifres vermelhos e uma maquiagem pesada, que o deixava com um aspecto pálido, envelhecido e cansado. É uma versão de The Fly, o popstar que vendeu sua alma ao diabo, no final de sua carreira, como o  inchado Elvis Presley, pouco antes dele morrer. Com um discurso sarcástico e cheio da autoridade de quem conhece todos os podres da humanidade, Mr. MacPhisto terminava o show com uma ligação telefônica. Dependendo do dia, ele ligava para um lugar diferente (por exemplo, para chamar um táxi, como no show da fita ZooTV Live From Sidney).

Um cover envolvente e ótimo:

Dancing Barefoot-U2 (cover Patti Smith)

Uma das letras  mais belas do grupo (Kite):

Pipa

Alguma coisa está a ponto de acontecer
Eu posso senti-la chegando
Eu acho que sei o que é
Eu não tenho medo de morrer
Eu não tenho medo de viver
E quando eu estiver rente ao meu passado
Eu espero sentir como sempre senti

Porque firmeza, se estabelece
Você precisa de um pouco de proteção
A de pele mais delicada

Eu quero que você saiba
Que você não precisa mais de mim
Eu quero que você saiba
Que você não precisa de ninguém, de coisa nenhuma

Quem dirá aonde o vento a levará
Quem saberá o que a arruinará
Eu não sei em qual direção o vento soprará
Quem saberá quando o tempo trará para perto
Não quero ver você chorar
Eu sei que isso não é um adeus

No verão eu posso provar o sal do mar
Há uma pipa voando descontrolada na brisa
Eu quero saber o que vai acontecer com você
Você quer saber o que tem acontecido comigo

Eu sou um homem, eu não sou uma criança
Um homem que vê
A sombra atrás de seus olhos

Quem dirá aonde o vento a levará
Quem saberá o que a arruinará
Eu não sei aonde o vento soprará
Quem saberá quando o tempo trará para perto
Não quero ver você chorar
Eu sei que isso não é um adeus

Eu a desperdicei?
Nem tanto, eu não pude prová-la
A vida deveria ser fragrante
Do topo do telhado para o porão
A última das estrelas do Rock
Quando o hip hop dirigiu grandes carros
No tempo em que mídia novas
Era a grande idéia
Essa era a grande idéia

 

O Pós-Punk – Inovação na Década de 1980

Siouxsie e Johnny

O período pós-punk iniciou nos anos 80 e marcou a história da música. O movimento punk que surgiu na Inglaterra em meados dos anos 70, deixou muitas influências e serviu de base para muitos dos artistas que vieram depois disso. Nesse período o mundo viu surgir nomes que entrariam para a história da música e que produziriam grandes clássicos. Foi uma época de muita criatividade, onde tinha espaço para vários gêneros, do gótico ao New wave, tudo com muitas referências do punk. Os artistas desse período, além da sonoridade e das letras bem elaboradas, tinham um visual marcante e arrastavam multidões até as casas noturnas no mundo todo, como por exemplo, a famosa “BatCave”.

Dentro desse período (que foi até o fim da década de 80), cabem muitos estilos: Gótico, new wave, new romantics, darkwave entre outros. Todos aparecendo e ganhando características próprias. As ideologias desse período também se distanciavam cada vez mais da temática punk. Se por um lado os artistas do dito movimento “dark” resgatavam a introspecção e o niilismo do punk de uma forma mais romântica, o pop e o new wave vinham com uma “nova onda” alegre e colorida. Claro que seria impossível classificar um artista desse período como pertencendo a este ou àquele estilo, pois muitos deles flertaram com vários movimentos. O que nos proporcionou uma lista imensa e eterna de músicas fantásticas.

Daqui em diante, nesta categoria, você vai acompanhar muito (tudo seria ímpossível) do que aconteceu e do que apareceu no pós-punk, destacando os músicos do mundo underground.

Velvet Goldmine – Rock e Glitter

Em 1971, o glam rock invade o mundo da música britânica, provocando uma verdadeira revolução, não apenas na música mas também nos costumes da sociedade. O ícone do movimento Brian Slade (Jonathan Rhys-Meyers), roqueiro que leva garotas e rapazes a pintarem as unhas, usarem batom e explorarem sua sexualidade. Incapaz de lidar com a fama adquirida, Brian forja sua própria morte, com a farsa sendo descoberta logo depois. Alguma semelhança com seres reais não é mera coincidência. “Velvet Goldmine” é uma referência sobre a música Glam e, apesar de personagens fictícios, é impossível não ver a semelhança com ícones do Glam Rock como David Bowie e menções a personalidades famosas da música como Iggy Pop. Claro que um filme que fala sobre Glam Rock não poderia deixar de ter uma trilha sonora que é uma obra de arte. Com participações de peso como Lou Reed, Thurston Moore e Steve Shelley (Sonic Youth), Mike Watt, Ron Asheton (The Stooges), Mark Arm (Mudhoney), Don Fleming e Jim Dunbar integram, Thom Yorke e Jonny Greenwood (Radiohead), Andy Mackay (Roxy Music), Bernard Butler (Suede), além do grupo Placebo, vale muito a pena apreciar o resultado desta miscelânea de músicos super competentes tocando Glam.

Os músicos formam duas bandas que tocam durante o filme: Venus in Furs e Wylde Ratttz.

Músicas:
01. Needles in the Camel’s Eye – Brian Eno
02. Hot One – Shudder To Think
03. 20th Century Boy – Placebo
04. 2HB – Venus In Furs
05. TV Eye – Wylde Ratttz
06. Ballad of Maxwell Demon – Shudder To Think
07. The Whole Shebang – Grant Lee Buffalo
08. Ladytron – Venus In Furs
09. We Are the Boyz – Pulp
10. Virginia Plain – Roxy Music
11. Personality Crisis – Teenage Fanclub
12. Satellite of Love – Lou Reed
13. Diamond Meadows – T.Rex
14. Bitter’s End – Paul Kimble, Andy Mackay
15. Baby’s on Fire – Venus In Furs
16. Bitter-Sweet – Venus In Furs
17. Velvet Spacetime – Carter Burwell
18. Tumbling Down – Venus In Furs
19. Make Me Smile (Come up and See Me) – Steve Harley

Garotos Perdidos – Trilha Sonora Anos 80

“Garotos Perdidos” é um dos clássicos dos anos 80 e um dos melhores filmes de vampiros já feito em Hollywood. Um filme juvenil que mistura terror, vampiros, rock and roll e aquele “Q” de filme trash que só os anos 80 possui.

Sinopse: Lucy (Dianne Wiest) vai morar com Michael (Jason Patric) e Sam (Corey Haim), seus filhos, em Santa Clara, uma cidade que tem muitos jovens desaparecidos. Logo os dois irmãos descobrem que uma gangue de motoqueiros está mais morta do que viva, pois estão se transformando em vampiros. Sam tem que trabalhar rápido, pois Michael está se apaixonando por Star (Jami Gertz), uma destas criaturas, e está gradualmente se tornando um deles.

O filme foi produzido em 1987 e dirigido por Joel Schumacher. Um de seus pontos fortes é a fantástica trilha sonora que é uma referência dos anos 80 e possui muitos clássicos da época como a canção “People are Stranger” na vesão de Echo andThe Bunnymen e “Good Times” do INXS.

 

Wolfsheim – SynthPop Alemão

Wolfsheim é uma banda alemã de Synthpop/Darkwave que foi formada em 1987. Com certeza é uma das que possui mais qualidade tanto no som como nas letras. Foi formada por Markus Reinhardt e Pompejo Ricciardi. Logo depois  Oliver Reinhardt entrou para o grupo. Entre indas e vindas de seus membros, a formação hoje é Peter Heppner (vocal) e Markus Reinhardt (sintetizadores).  O duo se tornou referência no meio underground e já lançou vários sucessos, que animam as baladas ao redor do mundo. Em 1991 eles lançaram um hit chamado “The Sparrows and The Nightingales”, que se tornou um clássico, ouvido até os dias de hoje. Banda alemã, como muitas saídas do berço do Technopop, o Wolfsheim é uma boa pedida para quem gosta de ouvir boa música eletrônica com aquela pitada melancólica do Darkwave.

Einstürzende Neubauten

O Einstürzende Neubauten é uma das bandas mais influentes do cenário alemão. A banda nasceu em Berlim em meados de 1980 e se destaca por ter um som muito original. Originalidade que está em tudo na banda, desde o nome até os instrumentos de onde conseguem tirar som. É um som difícil de definir, um tipo muito peculiar, que a princípio pode parecer estranho, mas que agrada milhões de fãs em todo o mundo. Eles conseguem misturar objetos inusitados para fazer música, criando um som meio “industrial” e metálico. Objetos que vão desde corrente até diversos tipos de máquinas. Vale muito a pena ouvir, pois a música produzida pelo Neubauten é viva e psicológica e trata de assuntos peculiares, que nos levam a pensar sobre muitas coisas.

 

A Música Underground Alemã

A Alemanha é reconhecidamente um dos países com maior produção musical no meio underground, sendo responsável por grandes clássicos da música pós-punk, gótica, industrial e eletrônica. Quem aprecia estes gêneros musicais com certeza conhece muitas das bandas que nasceram por lá e que se espalharam pelo mundo para nossa alegria. Esta categoria é dedicada as bandas que nasceram na Alemanha e difundiram vários estilos musicais e também para bandas que seguiram o caminho trilhado por estes mestres da música alternativa.