Archive for janeiro, 2010

Cordel do Fogo Encantado

Quem nunca ouviu a música do grupo “Cordel do Fogo Encantado” não sabe o que está perdendo. Eles são uma mistura perfeita de música e teatro, tudo feito com a cara e o som do Brasil.

O grupo formado por José Paes de Lira (Voz), Clayton Barros (violã0), Emerson Calado (percussão), Nego Henrique (percussão) e Rafa Almeida (percussão), é da cidade de Arcoverde, Pernambuco e se formou em 1997 . Uma mistura fantástica de poesia, teatro, rock, percussão, tambores africanos, tudo isso temperado com aquele delicioso som regional, da viola e das rimas de cordel.

O sucesso no início era limitado, alguns shows aqui e outros ali! Mas não demorou muito para que a música do Cordel ganhasse fãs em todo o país. O primeiro cd foi gravado em 2001 e levava o nome da banda. O segundo disco veio em 2002, chamado “O Palhaço do Circo Sem Futuro”, conquistando muitos prêmios e fama em outros países como França, Alemanha e Bélgica. Em 2006, foi a vez de lançar “Transfiguração”. A previsão é de que o novo disco chamado “Brevíssimo Estudo Sobre a Interlândia”, saia até julho deste ano de 2010.

O Cordel do Fogo Encantado fez sucesso também no cinema, principalmente no filme de Guel Arraes “Lisbela e o Prisioneiro”, onde a múica “O Amor é Filme” faz parte da trilha sonora. Participaram também de “Deus é Brasileiro” de Cacá Diegues e de “Árido Movie”.

Música do sertanejo, do índio, do africano. o árido sertão toma vida e leva ao mundo a poesia de grandes mestres desconhecidos de alguns e adorados por muitos! Com eles, tudo se funde e vira um espetáculo encantador, difícil não apreciar!

O Cordel

Segundo a Wikipedia, cordel é: 

Literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome que vem lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No Nordeste do Brasil, herdamos o nome (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

Ai Se Sêsse (Zé da Luz)

Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empareasse
Se juntim nóis dois vivesse
Se juntim nóis dois morasse
Se juntim nóis dois drumisse
Se juntim nóis dois morresse
Se pro céu nóis assubisse
Mas porém se acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nóis dois ficasse
Tarvês que nóis dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

El Cuarteto de Nos – Apreciem Nossos Vizinhos

El Cuarteto de Nos

Nós brasileiros estamos muito distantes das músicas feitas na América Latina e, por esse motivo, deixamos de conhecer ótimas produções. É o caso da banda uruguaia “El Cuarteto de Nos”. Muita gente com certeza já ouviu falar, mas a maioria não conhece. E não é porque não gostem do tipo de música, mas sim porque não existe divulgação nos grandes veículos de comunicação nacionais. Ainda bem que para o meio alternativo existe a internet, que nos possibilita buscar músicas de vários estilos diferentes, de épocas diferentes e de qualquer lugar do mundo.

O El Cuarteto de Nos surgiu em Montevidéu no Uruguai no início da década de 1980. Ainda nesta década lançaram seu primeiro disco, mais precisamente em 1984. O grupo é composto por 4 integrantes: Roberto, Santiago, Riki e Alvin. Eles já lançaram mais de 10 discos até hoje, ganhando discos de platina e de ouro por suas vendagens.  O último disco lançado foi o de nome “Raro” no ano de 2006.

Neste cd é possível perceber o humor ácido da banda, uma característica que permeia todos os seus trabalhos. Este tipo de humor também percebido nos clipes da banda. Em 2007 eles foram indicados ao Grammy Latino pela música “Yendo a la casa de Damián”, do disco “Raro”. Outra composição deste mesmo cd que fez muito sucesso foi “Ya no sé que hacer conmigo”.

Buena Vista Social Club

Capa de Buena Vista Social Club

O Buena Vista Social Club foi um clube de música e dança que teve seu auge na década de 1940 e que ficava em Havana, Cuba. Vários artistas passaram por lá ao longo de vários anos. Foi o caso de Anga Díaz, Compay Segundo, Ibrahim Ferrer, Manuel “Puntillita” Licea, Pío Leyva, Rubén González, apenas para citar alguns.

Na década de 1950, o clube fechou e nunca mais se viu em Havana um lugar como este, deixando assim, os seus músicos órfãos. A maioria mudou de carreira para poder se sustentar e alguns passaram anos sem tocar nenhum instrumento. Definitivamente abandonados e sem esperança de um dia voltarem a viver de suas músicas.

Em 1996, mais de 40 anos depois do fechamento do clube, o musico e produtor americano Ry Cooder foi até Havana tentar reencontrar essas lendas da música cubana. O interesse pelos  musicos surgiu depois que Cooder ouviu algumas gravações desses artistas.

Ry Coorder conseguiu reunir muitos deles: Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Omara Portuondo, Eliades Ochoa, Faustino Oramas e Rubén Gonzáles. Junto com esses artistas e outros musicos, Ry Cooder conseguiu gravar um disco fantástico que foi aclamado mundialmente: Buena Vista Social Club. Deste encontro e da gravação do disco, surgiu o documentário homônimo, que mostra todas as etapas, desde as primeiras entrevistas  com os musicos em Havana até o que seria o ápice para eles: A apresentação no Carnegie Hall em Nova York. Não esquecendo ainda que, antes de se apresentarem em Nova York, eles fizeram uma fantástica apresentação em Amsterdan na Holanda.

O disco foi premiado com um grammy e o documentário foi indicado ao Oscar de melhor documentário e ganhou, merecidamente, o European Film Awards.

Além de uma música fantástica, o mais interessante deste projeto é a satisfação dos artistas cubanos e o reconhecimento de seus trabalhos. É possível perceber no documentário a alegria deste musicos que mostraram os seus talentos e que foram aplaudidos em todo o mundo. Até porque, muitos deles passavam por necessidades e lutavam para sustentar suas famílias. Uma fama mais do que merecida.

Participaram da gravação do disco e do documentário: